Opinião: PROTOCOLO CULTURAL

Junho chegou e nada. Goiana não sabe, não viu, não ouviu discurso consequente ou prática concreta sobre o tema.

Por Cristina França

É sintomática a reação do prefeito Eduardo Honório à recomendação da promotora de Justiça de Goiana, Patrícia Ramalho, para que este exonere no prazo de 15 dias todos os servidores comissionados e contratados que possuam parentesco ou laço sanguíneo em até terceiro grau com o gestor, vice-prefeito e secretários. Segundo nota oficial, a Prefeitura “enfatiza que agiu proativamente desde o conhecimento das denúncias e que as medidas a serem tomadas não serão baseadas por motivo da instauração do inquérito, tampouco em razão da recomendação judicial, mas sim com intuito de se fazer cumprir o protocolo legal (grifo nosso).” O fato foi noticiado pelo @radarpolitico365 em 31 de maio último.

Vereadores têm se pronunciado em indicações ao nosso gestor para que dê atenção à área cultural. Indicação e recomendação são termos da Democracia. Temos dificuldades,  especialmente, com um outro mais contundente: ordem. Mas, na falta de cumprimento do protocolo legal – a implementação do CPF da Cultura (Conselho, Programa e Fundo), faz-se necessária a contundência. E qual a motivação desta atitude? Resposta: a Cultura em Goiana está em petição de miséria e da tribuna da Democracia partem discursos para o vazio.

Em fevereiro nada. Em junho nada. Isto para marcar os meses festivos da nossa natureza. Caso precisemos de marcos que, a meu ver, jogam confetes e tudo depois acaba na quarta-feira, para lembrarmos que fazedores de cultura comem todos os dias. A Lei Orçamentária Anual/LOA 2021 previu para a Cultura R$ 7.015,142,00. Será que nosso gestor considera a LOA protocolo legal? Estamos diante de uma inoperância assustadora. Para aqueles que têm medo. Mas, não convém ter medo. Aqui no Movimento Mata Goiana acreditamos no diálogo e não temos medo de buscá-lo.

Em junho do ano passado, artistas de Coco, Ciranda e Pé-de-Serra apresentaram à Prefeitura o projeto “A cultura de Goiana em sua casa”. Na casa goianense não chegou. A vizinha Condado deu exemplo. No nosso Instagram tem registro do fato. Quando tratamos de dar ordens convém saber o que queremos. Já sabemos. Já dissemos. Já repetimos. É fato: fomos levados a esquecer este detalhe, mas, ocupantes de cargos públicos são, em primeira e última instância, empregados. E com empregados temos que manter uma saudável relação contínua. Mantemos o protocolo da ordem e da obediência à ordem para que tudo funcione democraticamente. Para este tranquilo funcionamento precisamos do nosso Conselho Municipal de Cultura. Aqui não confundimos ordem com ditadura.

Então, o que fazemos agora? Aguardamos mais seis meses para tentar sermos ouvidos nos festejos natalinos? A pandemia nos tirou a rua e isto é mais um ingrediente do tal esquecimento: os empregados tendem ainda mais a relevar nossas ordens quando não estamos gritando no pé do juízo deles. Sigamos o protocolo até a vacinação geral. E, do mesmo modo que seguimos o BBB, sigamos nossos representantes/empregadas/os nas redes sociais. Nem que seja para lembrar que 2022 é só no ano que vem. Cultura não.

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