Opinião: A cultura do dialogar

Quando se entra numa roda de conversa entre amigos, a troca de ideias parte de um lugar social linear. Quando se dialoga com o chamado poder público, não.

Roda de conversa online sobre a implementação do sistema de cultura de Goiana
Foto: YouTube/Reprodução

Por Cristina França

Ontem, quinta, 11 de novembro, tivemos a salutar ‘Roda de Conversa: A implementação do Sistema Municipal de Cultura de Goiana’, mediada pelo conciliador Judi Cavalcanti, numa promoção do Fórum Goiana em Ação. O Mata Goiana lá estava no rosto e na voz de seu idealizador Elthon Taurino. Outros integrantes do Movimento, e me incluo, na audiência. Pertinentes indignações no chat de fazedores de Cultura como Serginho da Burra, Mestre Peu, Zinho Alafia.

Até os últimos 15 minutos tudo ia linearmente acontecendo, cidadãs e cidadãos discutindo um tema sabidamente fundamental sobre o qual há uma lei pronta para ser implementada. Cidadãs e cidadãos tomadas/os por um furor democrático expressando descontentamento com a lentidão e o descaso para com uma área que gera felicidade e dinheiro. Sim, gera dinheiro sem o qual contas não são pagas. Então, se há dúvidas sobre a etérea felicidade, que se dê atenção ao vil, e necessário, metal.

A experiência trazida de Bragança Paulista, São Paulo, onde há Sistema Municipal de Cultura e um Conselho que definhou por falta de fôlego humano, nos ensina que este nosso fôlego, este nosso colchão acolhedor e múltiplo é o real fundamento de tudo. União cultural sólida para sistematizar ações que nos levem a construir um território montado em si mesmo e olhando para o mundo com olhos de quem tem muito a oferecer. E tem orgulho desta oferta.

Quando entrou na roda de conversa a secretária de Turismo e Cultura Luciana Petribú, a linearidade do diálogo se foi. A cidadã Luciana Petribú é linear. A secretária não. Tenho insistido na #cidadaniacritica para chamar a atenção para o fato de que do varredor de rua ao presidente da República todos são empregados e patrões de si mesmos. Cada uma/um que exerça função pública está nesta condição. Eleitas/os ou nomeadas/os, concursadas/os ou comissionadas/os. É assim. Ponto.

A secretária ponderou que o termo ‘pressão’, que é o que fizemos na Roda de Conversa, não é o ideal, não é de seu agrado. Ora, patroas/ões no setor privado demitem quando não são obedecidos. Nós, patroas e patrões do Estado, pressionamos nos quatro anos de mandato. Nem pressionamos tanto, diga-se. Ainda estamos engatinhando neste dever cívico. Então, que a Roda, que é linear na sua conformação, não iluda empregados eleitos ou nomeados. O poder emana do povo e em seu nome será exercido.

Você pode conferir como foi a roda de conversa sobre a implementação do sistema de cultura de Goiana no vídeo abaixo:

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