JORNAL A CIDADE – 15 a 30 de setembro de 2007 – Caderno de Cultura

A banda Os Ticuqueiros, de Nazaré da mata, lançou seu primeiro CD intitulado Dos canaviais da Zona da Mata no palco do Alafiá, em Goiana, no dia 8 deste mês. O trabalho é fruto do estreito relacionamento do grupo com a tradição e a sonoridade da região. As canções que compõem o disco são autorais e traduzem o cotidiano e o imaginário dos homens simples que trabalham na palha da cana. O mais novo projeto do grupo foi gravado, entre agosto de 2006 e junho deste ano, no Batuk Estúdio, em Carpina, e masterizado em São Paulo.

Os Ticuqueiros que se apresentaram pela terceira vez, em Goiana, foi a principal atração da noite dividindo o palco do Alafiá com a banda goianense Amoenda. A receptividade do público foi bastante calorosa, como de costume, mesmo debaixo de muita chuva.

Além de Goiana, outras cidades foram contempladas com o lançamento do CD dos Ticuqueiros como, por exemplo, Carpina no festival Agosto Pra Todos; em Recife, no Pátio de São Pedro e no dia 19 de outubro será a vez da cidade de Nazaré da Mata conferir a apresentação dos conterrâneos. “A gravação é um registro definitivo e pode alavancar a carreira dos Ticuqueiros e, consequentemente, abrir muitas portas, declarou o guitarrista Diógenes Santos.

A banda pretende levar seu primeiro registro musical além das fronteiras regionais, “a intenção é mostrar nosso trabalho para outros estados e atingir os grandes centros musicais como São Paulo. Também estamos de olho no mercado internacional, já que muitos artistas de Recife têm feito apresentações em vários países e percebem a boa aceitação dos produtos musicais produzidos por aqui. Acredito que agora é a vez de mostrarmos o que vem sendo feito na Zona da Mata”, afirmou o percussionista João Paulo.

Para o baterista Sidicley Marcelino, que promove o Tipóia Festival em Tracunhaém, a Zona da Mata não pode ser vista pela mídia do nosso Estado apenas como uma região de produção de cana-de-açúcar, mas como um importante centro de cultura com uma diversidade espantosa, “é no interior que está toda a efervescência das manifestações com seus brinquedos e brincantes, e que a enxada não é apenas uma ferramenta para tirar ticuca do canavial, mas um instrumento que emite timbres”, esclareceu Sid3, como é mais conhecido.