Relembre a matéria do Jornal “A Cidade” publicada na edição de abril/maio de 2009
JORNAL A CIDADE – abril/maio de 2009 – Política – Editorial
Ser goianense é ser pioneiro em muitas lutas libertárias! É ter correndo nas veias sangue quente de índios guerreiros, brancos aventureiros, negros meigos e corajosos. É ser cordial, gentil e hospitaleiro! É ser por natureza devoto da Virgem Maria sob os seus mais diversos títulos: do Carmo, da Conceição, do Amparo, da Soledade e a querida Senhora do Rosário em seus andores suntuosos.
Ser goianense é ao soar dos nossos sinos, acompanhar antigas procissões como as do Encerro e Passos, dos Enfermos, do Senhor Morto, dos Martírios, de Nossa Senhora da Boa Morte e pela fresta da porta observar a “temida” Procissão dos Penitentes! É madrugar em velhos carnavais com confetes, serpentinas e lanças-perfume nos saudosos bailes que embalaram inquietantes paixões!
Ser goianense é viver na “Milão Brasileira” e ouvir com satisfação metais sesquicentenários como os das bandas Curica e Saboeira, que divinizam a música, elevam e fazem transcender as nossas almas! É sob o estandarte, participar do “Acorda povo” com o Senhor São João, escolher um nome pra casar na Trezena de Santo Antonio e na beira do Rio Goiana, com piedade, esperar São Pedro, o santo padroeiro!
Ser goianense é gostar do belo imortalizado pelos artesões “magos da argila” em suas peças manufaturadas! É encantar-se com o talento de habilidosos artistas plásticos em telas que se assemelham ao real! É admirar a talha das cantarias dos monumentos, fachadas dos nossos templos religiosos e dos velhos solares e sobrados! É recitar em praça pública cordéis que perpetuam o drama da congada, os passos dos caboclinhos, a identidade das pretinhas de congo, a mística dos maracatus, e a energia de burrinhas, catirinas, bois, ursos e uma gama de folguedos e troças! É tomar banho de rio e gostar de desfrutar com a família de praias paradisíacas, degustando deliciosos frutos do mar!
Ser goianense é tomar caldo de cana com pão doce nos nossos velhos engenhos de cana-de-açúcar, comer beju nas casas de farinha e almoçar ao meio dia no Internacional Buraco da Gia com cerveja gelada, casquinho de guaiamum, divertindo-se com Seu Luiz, o embaixador de Goiana exibindo caranguejos adestrados! É com fé participar do carrego da lenha na povoação de São Lourenço, beijar o Senhor dos Passos às sextas-feiras no velho Convento do Carmo e confeccionar belos tapetes para a passagem do “Corpo de Deus” em dia santo!
Ser goianense é ter nascido do mesmo chão que nasceu o grande Trovador Aldemar Tavares, e destemidos heróis como Nunes Machado, Viriato de Mello e tantos outros! É com Sua Majestade Dom Pedro II tomar água do poço, que por este gesto deu nome a uma de nossas ruas! É com Álvaro Alvim da Anunciação Guerra, cantar; “Terra adorada, sempre amada dos filhos teus! Pela glória do teu passado és um presente abençoado por Deus…!” Ser goianense é um título de nobreza…! É ter a firme certeza de que se “Pernambuco é o orgulho do Brasil, Goiana é o orgulho de Pernambuco!”
Por fim, ser goianense é com prazer e intensidade viver três épocas distintas: passado, presente e futuro em uma harmonia perfeita! É acima de tudo estar como o nosso lendário Cruzeiro – de braços abertos acolhendo a todos que chegam e acenando àqueles que partem!
Marcos Paulo, Membro da Academia de Artes e Letras de Goiana – Cadeira 09
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