#TBTACIDADE O adeus a Sebastião Grosso

Relembre a matéria do Jornal “A Cidade” publicada no dia 16 a 31 de Outubro de 2007

JORNAL A CIDADE – 16 a 31 de outubro de 2007 – Caderno de Cultura

O artista goianense Sebastião Grosso Lopes da Silva, mais conhecido como Sebastião Grosso (77), morreu na quinta-feira, dia 11 deste mês, no Hospital da Restauração, em Recife, onde deveria ser submetido a uma cirurgia. Um dia antes, Sebastião passou mal e foi internado no Hospital Belarmino Correia, em Goiana, com uma crise glicêmica decorrente de suas diabetes, mas foi removido para Recife.

O corpo de Sebastião foi velado em casa, onde estiveram presentes os familiares, amigos, artistas e autoridades locais para prestar homenagem ao “Rei do Coco”. Durante o sepultamento, Dona Rita, esposa de Sebastião, passou mal e foi levada para casa. Com muita emoção o agitador cultural e amigo de Sebastião, Serginho da Burra, puxou um coco feito pelo próprio rei em homenagem a si mesmo que dizia, “Quando souber da notícia que Sebastião Grosso morreu, pode procurar na rama que a semente se perdeu…”.

José Miranda de Santana, o Pacote, explicou que o destino do grupo ainda não está definido. “Eu vou sentir muito a falta dele porque ele era um pai, mas a gente tá pensando em continuar, porque ele sempre dizia: “Zezinho, um dia eu vou e quando eu for não pare a brincadeira.” Então a gente vai fazer uma reunião pra ver se Dona Rita quer continuar.

O prefeito Henrique Fenelon falou que vai procurar uma forma de homenagear Sebastião. “Goiana veio reconhecer Sebastião há pouco mais de um ano, mas fizemos uma homenagem a ele no São João e logo ele passou a ser notícia. Ele foi embora, mas eu procurarei uma forma de Goiana homenagear esse homem que deixou a cultura de luto.”, finalizou Henrique.

Desde sua infância, a rotina de Sebastião era composta pela feira e pelo coco de roda, por isso, fazer seus versos acabou se tornando uma brincadeira. Ele aprendeu o ritmo com seu pai, durantes os dias que passava na barraca que mais tarde tornou-se sua e que ele não deixava de armar um dia sequer.

Por ser analfabeto, Sebastião nunca escreveu nenhum verso em papel, mas guardava mais de trezentas músicas em sua mente – a maioria composições próprias. Há mais de cinquenta anos ele cantava coco de roda e não foi à toa que se tornou o “Rei do Coco”. Todos os anos, em véspera de São João, o bairro do Mutirão, em Goiana, assistia o grande encontro dos amantes do ritmo. O grupo era formado por dona Rita, dona Lala, Ceça e Ana Paula, que respondiam o coco de Sebastião, junto com rebolado do bombo de Zezinho, o bacalhau de Vicente e o chiado do mineiro de Expedito.

Definitivamente Sebastião não passou em branco por essa existência; ele foi personagem do curta-metragem “O Rei do Coco”, lançado no dia 22 de julho, pela SBP LTDA, no Largo da Alvorada, em Goiana. Além disso, o coquista chegou a realizar seu sonho de gravar um CD, que não chegou a ser lançado, mas a SBP Music, deverá promover o lançamento do trabalho intitulado de “A pisada é essa”.

A cantora e produtora Isaar França, responsável pela direção de voz do CD, disse que ficou muito feliz em participar desse trabalho. “Conseguimos gravar o disco dele e isso foi uma coisa muito significativa para a cidade, para a família, para as pessoas que estavam com ele há tantos anos. Eu fiquei muito feliz em ter participado desse pedaço da história de Sebastião. Ele ficou imortalizado e se foi na ativa. A gente só tem exemplo a seguir”, afirmou Issar.

Sem dúvida Sebastião Grosso ficará gravado na história da cultura popular de Goiana, em algum lugar de honra.

Curta feito pela SBP Filmes em 2013
http://goianadoscaboclinhos.com.br/

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