JORNAL A CIDADE – 01 a 15 de Dezembro de 2007 – Caderno de Cultura

O músico Ítalo Pay promoveu com sucesso o evento festivo

A comemoração do Dia do Músico, em Goiana, aconteceu pelo segundo ano. E, como da primeira vez, teve início à meia-noite do dia 22, levando a música às ruas sonolentas da cidade às primeiras horas da madrugada. Os músicos locais munidos de violões, flautas, cavaquinho e percussão, executaram clássicos do cancioneiro brasileiro e ofertaram rosas às mulheres que apreciavam nas janelas, curiosas pelas melodias que invadiam as casas e avenidas, estas completamente vazias, lembrando os tempos românticos das serenatas em noites de luar, anunciando um dia inteiro dedicado à deusa música.

O evento que é uma iniciativa do músico Ítalo Pay trouxe para essa classe de artistas goianenses a consciência de seu dia e a importância da sua atividade. De acordo com Ítalo, produtor do evento, ele sempre percebeu completo desconhecimento do dia comemorativo. “Na sua grande maioria os músicos desconhecem que tem uma padroeira, que é a Santa Cecília. Fazer um evento dessa natureza é um sonho acalentado durante décadas, pois precisamos, além do incentivo, melhorar a autoestima da classe”, salientou o músico.

Ítalo disse também que neste segundo ano a festa foi mais organizada. “Fomos mais prestigiados agora, tivemos uma estrutura melhor e a tendência é tornarmo-nos mais fortes. Quando eu comecei minhas atividades musicais em Goiana não existia nem rádio. Hoje temos três que podem ajudar ainda mais a produção musical desenvolvida aqui”, acrescentou.

Já durante o dia, aconteceram várias apresentações na Praça João Pessoa onde os artistas locais puderam prestar homenagem ao seu dia e mais uma vez o público goianense pôde conferir a diversidade criativa da produção local. O destaque vai para o extraordinário desempenho do baixista Ledo Ivo com a banda Bebop, que apesar de estar incompleta, mostrou o significado da palavra mousikê (do grego, música).

Já à noite aconteceu a procissão, com a Santa Cecília, que foi anunciada à cidade, pelos fiéis artistas, nas notas centenárias da Banda Musical Curica. No coreto da Praça João Pessoa foi a vez dos roqueiros darem seu recado. Por lá se apresentaram as bandas Bitolados, Paranóicos, Zefa Deão e Prisma Orbe.

Além do coreto, houve mais três pólos: um na Avenida Nunes Machado (Rua da Baixinha), onde se concentraram os artistas do brega. Já a música gospel teve o seu palco na Rua Direita.

O palco montado no pátio da Igreja da Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, contemplou as apresentações das bandas Arrecifes, A Regional, e a do cantor Zé França que, além do forró, faz um trabalho de resistência com o frevo.

O cantor Zé França avalia que o evento foi positivo e uma demonstração de união e força dos músicos locais: “Goiana sempre foi um celeiro de ótimos músicos, que cada vez mais percebem a força e capacidade de influenciar em seus próprios destinos. Além da comemoração também estamos felizes pela criação da APROMG (Associação dos Profissionais em Música de Goiana), que será um instrumento na defesa dos músicos e de quem lida com ela diretamente. Peço que os interessados se associem e fortaleça este órgão que nasceu para servir a categoria”, enfatizou o cantor.