JORNAL A CIDADE – 16 31 DE OUTUBRO DE 2007 – SESSÃO ALMANAQUE

A cultura negra resiste no pátio do Rosário dos Homens Pretos em Goiana

A edição de aniversário do Alafiá (Manifestação de Identidade Cultura Negra e Popular), realizada no dia 14 de outubro, comemorou os quatro anos de atividades do projeto cultural com uma grande festa.

O evento que ininterruptamente ocupa o pátio da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a cada segundo domingo do mês, tornou-se uma referência na Zona da Mata Norte, não só por sua premissa ideológica, mas pela longevidade, pois a despeito das rupturas ocorridas com o grupo inicial, o movimento continuou sobrepondo-se aos que fazem.

Nesses anos de existência já passaram no palco do Alafiá grandes nomes da cultura do Estado, fortalecendo o evento que busca inspiração nas matrizes africanas. Aliás, a escolha do pátio do Rosário tem esse significado simbólico.

O músico e produtor cultural, Francisco Belasco, que está à frente do projeto desde o seu surgimento diz que o momento é festivo, mas de preocupação. “O Alafiá é conhecido em todo o Estado de Pernambuco, mas isso não se reverteu em sustentabilidade; vivemos em constantes dificuldades financeiras, dependemos exclusivamente do apoio da Organização Não Governamental D´Jumbay – ONG, e a cada edição é um desafio fazê-lo.

Belasco, que já produziu outros eventos, como o pólo cultural do carnaval promovido pela prefeitura de Goiana no ano de 2007, ainda afirma buscar apoio através de projetos culturais e reclama da falta de apoio do governo local. “Às vezes não se trata de má fé das pessoas, mas puro desconhecimento sobre o que é a cultura e como fazê-la.’, enfatizou Francisco.

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, o Alafiá resiste, levando a sua mensagem de positividade e afirmação, provando que a cultura faz parte da cidadania, além de ser um elemento importante para a transformação social.