Por Guilherme Souza

Nos anos 90 tivemos a coletânea Japomim, que foi realizada por Gildeon Anselmo, vereador da cidade na época. Lançada em CD, foi um importante trabalho que registrou o melhor da cena musical naquele momento, mesclando vários gêneros e estilos, quando iniciativas multiculturais não eram tão comuns. Outro fato importante, é que a coletânea era composta por composições autorais e hoje em dia pode ser considerada clássica e peça rara para os colecionadores e apreciadores da música. No entanto, mesmo fora de circulação, você pode escuta-la na íntegra em nosso canal no Youtube e fazer uma viagem de diferentes sensações, compreendendo melhor o leque de influências dos artistas goianenses naquela época:

Já neste século, quem ainda vivenciou a primeira década dos anos 2000, consegue ter uma memória viva sobre as locadoras de filmes e álbuns musicais. Chegava a ser uma espécie de ritual ir até uma locadora, passar um bom tempo visualizando as prateleiras, até escolher qual filme ou álbum iríamos levar para casa e passar o final de semana curtindo. Alguns tinham até a manha de fazer cópias e depois distribuir por aí. O DVD, bem como o seu sucessor, o Blu-Ray, ainda eram novidades no mercado fonográfico e a cultura dos downloads só vinha aumentando. Atualmente, vemos as plataformas de streaming dominando as formas de consumo e ditando tendências acerca da portabilidade dos entretenimentos audiovisuais. A pouco tempo atrás, não imaginávamos que poderíamos assistir a um show inteiro, com boa qualidade, através dos nossos celulares.

Considerando esse passado recente, você se lembra de já ter locado algum álbum de um músico goianense? Ou ainda mais importante, ter comprado? Ou apenas conhece a música de Goiana através dos já poucos e infelizmente sucateados autofalantes da difusora Tupã que ainda restam da cidade? Pois bem, se você nunca teve em mãos algum material de um musicista da cidade, agora tem a oportunidade de conhecer melhor a grande variedade da música goianense. O Movimento MATA Goiana organizou uma playlist no Spotify (para achar, é só digitar: MATA Goiana – PE) que compila diversos artistas de diferentes gerações, indo desde Accioly Neto até a CallCommunication, mostrando que aqui temos música para todos os gostos: MPB, Pop, Rock, Coco, Forró, Rap, Eletrônico, enfim, bandas e artistas que compilados, ajudam a compreender melhor a conjuntura musical goianense e como ela vem se tornando o centro da efervescência artística da Zona da Mata Norte de Pernambuco, sempre fazendo ponte com outras cidade da região e praticando a troca de saberes tanto cultural como técnica. Para conhecer mais, é só navegar pelo próprio site e ficar por dentro das nossas redes sociais.

Em uma das nossas primeiras entrevistas realizadas em 2019, conversamos com Rivaldo Soares, que é um dos maiores colecionadores da música de Goiana e possui um grande acervo musical de vinis, fitas K7, CDs e DVDs. Nessa entrevista, constatamos a importância de se montar um acervo musical, que além de possuir um valor sentimental, é de extrema importância para se entender melhor a história e os panoramas culturais de determinadas épocas. A nossa evolução também pode ser percebida através da música e Goiana sempre foi uma cidade expoente no que diz respeito ao fazer musical e aos eventos e festivais musicais.

Se hoje vivemos numa época onde a música é cada vez mais perecível e seu consumo ainda mais intenso, a formação de um acervo musical de Goiana se faz totalmente necessário para que sua importância histórica e sua beleza não se percam no tempo. É uma forma de preservar o nosso legado, bem como fomentar e divulgar a música goianense contemporânea, além de servir de inspiração para o futuro. Para a população, ter acesso a uma biblioteca musical pública e organizada para poder cantar a nossa história através das canções dos nossos artistas é um privilégio, mas também deve ser um dever cultural para o indivíduo, no que diz respeito a incentivar, divulgar e lutar pela preservação da nossa arte. Que incrível seria se as rádios da Goiana tocassem mais a música feita aqui, proporcionando dessa forma uma sensação de pertencimento da população com a própria cidade. Seria mágico caminhar por nossas ruas, becos e vielas tendo como trilha sonora a urbanidade poética de Valfrido Santiago. O aconchego que passa a música de Elias Batista. A animação do coco de Sebastião Grosso. A beleza da voz de Rosildo Oliveira. A consciência política da One Black Two White. A modernidade de Sam Silva. E tantos outros e outras que ecoam e merecem reconhecimento.

Goiana, com todas as suas lamúrias, ainda consegue ser a terra dos encantos na esfera musical, e ao menos por isso podemos ter uma enorme satisfação de viver numa terra tão prolífica artisticamente.

Neste link, você confere o nosso acervo musical digital de músicas autorais goianenses, ainda em construção.
Arquivos Bandas – Mata Goiana

Nos links abaixo, você pode conferir uma coletânea dividida em dois volumes de músicas sobre Goiana, organizada pelo Movimento MATA Goiana:

Volume 1:

Volume 2: