Opinião: O culpado não é o São João

O atendimento às vítimas das enchentes é prioridade. Mas, o setor cultural, um dos mais afetados na pandemia, não pode pagar o pato. Há 02 anos que aguardam para trabalhar e refazer suas vidas.

2018 Concurso de Quadrilhas Juninas, no Sítio da Trindade, Recife – DIEGO NIGRO/ACERVO JC IMAGEM

Escrito por Mendonça Filho

Nas horas de crise é que a liderança se impõe. Ou a falta dela fica exposta. A decisão da Prefeitura do Recife de tirar R$ 15 milhões da Cultura, suspendendo o São João, para as ações de apoio às vítimas das enchentes não passa de uma atitude midiática sem o mínimo de visão gerencial estratégica. Com um orçamento de R$ 6 bilhões/ano será que é da Cultura que a Prefeitura tem que tirar recursos? Porque não abrir mão da publicidade, que tem mais de R$ 50 milhões previstos para este ano?

Falta prioridade e sobra marketing. O atendimento às vítimas das enchentes é prioridade. Mas, o setor cultural, um dos mais afetados na pandemia, não pode pagar o pato. Até porque gera milhares de empregos e renda para artistas, músicos, produtores, ambulantes. Alguns deles atingidos pelas enchentes e que precisam trabalhar para refazer suas vidas. 

O atendimento emergencial tem de ser enfrentado com boa gestão dos recursos, definição de prioridades e ações efetivas.

Os problemas estruturais – morros, infraestrutura e questão habitacional – continuam aguardando soluções concretas. Infelizmente nossa cidade vem sendo mal administrada há duas décadas.

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