Fizemos uma breve análise desta frase que é sempre dita pelos goianenses mas que muitos não entendem a sua importância dentro da história e contexto cultural da cidade.
Por Elthon Taurino
No dia 22 de novembro é comemorado o Dia do Músico. Lembrar desta data em Goiana é exaltar a excelência dos seus músicos, onde muito se deve ao alicerce cultural que existe na cidade em relação a música.
Alguns historiadores relatam que no começo do século XX era comum andar pelas principais ruas da cidade e ouvir sons de piano saindo das casas, sendo um instrumento musical muito presente na cidade. Continuando esse contexto, podemos ressaltar também o início dos trabalhos da Divulgadora Tupã na década de 60, com dezenas de cornetas espalhadas pela cidade, onde era considerada a rádio de Goiana. Tinha uma curadoria musical muito rica, onde os habitantes da cidade ouviam diariamente desde o hino de Goiana, até músicas clássicas como as óperas “O Guarani” de Antonio Carlos Gomes, Johannes Brahms, entre outras. As músicas eram passadas como vinhetas musicais, facilitando a sua compreensão e memorização.
Mas o principal motivo é o fato de Goiana ter as duas bandas musicais mais antigas da América Latina em atividade, Curica e Saboeira, que são muito presentes no contexto cultural da cidade em eventos e festividades. Por isso, a cidade tem um protagonismo na música instrumental, resultando em nomes históricos como Maestro Duda, Maestro Guedes Peixoto, entre tantos outros, onde se alastram até os dias atuais com grandes músicos contemporâneos como Beetholven Cunha, Lêdo Ivo Jr, entre outros.
Na música popular, temos grandes nomes como Accioly Neto, goianense que é um dos maiores compositores do forró e da música brasileira. Autor de clássicos como “Espumas ao Vento” e “Natureza das coisas”. Nos dias atuais, temos Juliano Holanda que é um dos maiores músicos da cena contemporânea de Pernambuco, que já fez até trilha sonora de minissérie da rede Globo e atualmente é parceiro de música da cantora Zélia Duncan.
E se seguirmos a história da música autoral, ela vem desde a década de 60 com Aloísio Gomes (do Rojão), passando pelas décadas de 70 e 80 com Rosildo Oliveira, Eduardo Veloso, Nado do Chalé, Letto Gomes, Italo Pay, Gilvan Nogueira, continuando nas décadas de 90 e 2000 com Jór Santana, Silvia Fidélis, Louro Santos, além das banda da época que mostraram grandes músicos como Forró Fogoso, Forró Livre, Grupo Aconchego, Sollwe, entre tantas outras.
Não podemos esquecer também os músicos da cultura popular, como Sebastião Grosso “O rei do coco”, As Pretinhas do Congo, Mãe Nininha e o Coco de Ya, Coco de Parea, Amoenda, entre dezenas de outros grupos e artistas. Também a cena alternativa (underground), que foi a porta de entrada para muitos músicos, onde podemos citar bandas como Datiloscopia, Zefa Deão, Vírus, GotaSerena, Processo Indefinido (Processed), Abiogênese, Grito de Alerta, Flores Mortas, The Blue Tomato, Vênus em Fúria, entre tantas outras.
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E nos dias atuais, temos grandes músicos em todos os ritmos musicais, seja na música popular de massa, na música instrumental, na cena alternativa e na cultura popular. Músicos que começaram agora, como Samya Nicole, Luana Tavares, RT MC e músicos que já estão com mais de 30 anos de carreira, como Elias Batista, Valfrido Santiago e Carlos Tampa.
Você não imagina o tanto de músico faltou ser citado, mas sabe por qual motivo? “Goiana é um celeiro de músicos”, a célebre frase que todo mundo gosta de falar, mas que a maioria das pessoas não refletem sobre ela.
E isso é um erro enorme, pois impede que esse tal “celeiro” possa se desenvolver e dar frutos. Que consiga ser autossustentável e as pessoas possam viver da sua música, da sua arte. Hoje, a maioria precisar ter um emprego paralelo ou viver fazendo bicos para conseguir continuar fazendo a sua música, onde muitos desistem diante da dificuldade de se manter e da instabilidade da profissão para sustentar uma família, por exemplo. E nisso, acabamos perdendo vários grandes profissionais da música que poderiam contribuir de forma histórica para a cultura artística da nossa cidade.
Dentro desse cenário mostrado, é preciso que o músico seja visto de forma PROFISSIONAL, onde é um produto e um prestador de serviço como qualquer outro. Que tem contas a pagar, que precisa comprar novos equipamentos para oferecer um serviço de qualidade. E para que isso aconteça, o público deve prestigiar mais eventos de artistas locais, fazer questão de pagar o ingresso oferecido, consumir mais produtos oferecidos pela cena musical de Goiana.
E na área da gestão pública, o setor precisa receber uma estrutura de mercado em que os profissionais da música possam se desenvolver sem a velha “política de balcão”. Projetos dedicados aos músicos e bandas da cidade que vão além das festas do calendário anual, e sim, projetos que fomentem e solidifiquem os músicos da cidade.
Só assim, poderemos ver os músicos de Goiana absorvendo da maneira mais feliz possível a frase que está sendo dita hoje: “parabéns pelo seu dia, músico”.
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