O rapper goianense lança no Youtube a sua primeira produção musical em conjunto com o grupo de rap 3l3m3nt0S e fala sobre suas experiências na cena do hip hop de Goiana
Por Elthon Taurino
No dia 21 de agosto de 2021, a cena do hip hop goianense ganhou mais um lançamento musical com o single “Sentimentos”, do MC Poseidon.
A música, que já é conhecida pelo público que frequenta as batalhas de rima e shows da cena de Goiana e região, foi gravada em conjunto com o grupo de rap “3l3m3nt0S”, que é composto por: Vinix Mc, Bk47, PH, Andryo Mc e o próprio MC Poseidon.
Confira a entrevista que fizemos com MC Poseidon onde ele fala do lançamento do single e também das suas vivências e impressões sobre a cena do rap / hip hop de Goiana:
– Poseidon, como começou sua relação com Hip Hop em Goiana e quando começou a rimar e escrever músicas?
“Começou quando eu estudava na Escola IV Centenário há alguns anos e tinha um colega meu que dançava break, e como a gente ia para todo canto, aí fui com ele acompanhar e tals. Até tentei aprender, mas não consegui. Eu não conhecia a cultura, só conhecia o que via, a galera dançando e tals, fazendo os movimentos extraordinários, mas não tinha o conhecimento que era do hip hop.
Comecei a rimar em agosto de 2017. Eu morava nos Bragas, em um beco que alguns chamam de “Zé do Diabo” ou “Zé de Jesus”. E tinha um colega meu que morava lá e me chamou para a batalha de rima. Eu nunca tinha visto e tals, até que um dia aceitei o convite e fui. Quando cheguei lá, tinha uma galera que eu conhecia como MC Professor, Bk e outros. Gostei.
Na primeira edição não deu para ir rimar, mas na segunda ou na terceira eu coloquei o meu nome e não parei mais.
E a escrever, eu comecei alguns meses depois por influência do MC Professor que foi quem me ensinou a realmente rimar e escrever também.”
– Fala um pouco sobre sua nova música “Sentimentos”. Como foi a composição/gravação e quais são tuas influências musicais.
“A maior ironia da música “Sentimentos” é que não é um lançamento, já que ela tá sendo mostrada desde 2018. Mas a oportunidade de postar em uma plataforma digital como o Youtube, compartilhar para as outras pessoas de forma digital é a primeira oportunidade que tenho. Já foi gravada outras vezes, regravada por questões de beat, pois antes eram usados de internet. Aí eu tentei com outras pessoas para pegar um beat original, mas nunca dava certo. Até que eu fui para Santa Cruz de Capibaribe, conheci um cara lá chamado Igão, ele produz beat, daí eu falei com ele “mano, eu tô com um problema meu velho, eu quero lançar essa música, mas com um beat original, não com um beat de internet”. Ele me deu o beat, aí eu fiz a captação de voz com Clayton Boo da Call Communication e enviei para ele lá em Santa Cruz. Daí ele fez a mix e a master lá. Isso foi o que me ajudou a finalmente conseguir lançar esse som oficialmente.
Minhas inspirações musicais estão com MC Professor e MC Krystu. Krystu é o mestre do lo-fi. Não consegui ver ninguém que consiga fazer algo igual. E o professor é a pessoa mais completa que eu conheço, não tem palavras pra descrever.”
– O que te inspira a compor e continuar fazendo parte do movimento hip-hop em Goiana? Qual a importância que o movimento tem na sua vida?
“O principal deles é a batalha de rima. Eu amo aquela energia. Me fez mudar muitos pensamentos escrotos que eu tinha, eu me tornei uma pessoa melhor e acredito que esse movimento pode mudar muitas pessoas também.
O que inspira a compor é o fato de gostar de músicas mais líricas, mais românticas. Gosto dessa vibe mais calma. E o principal ponto também foi o incentivo do MC Professor, foi o que mais me inspirou a compor.
– Quais as maiores dificuldades de se fazer música em Goiana? Você conta com algum patrocínio ou incentivo da gestão municipal de cultura?
“A maior dificuldade do hip hop em Goiana é que ainda é uma cultura marginalizada por muitos. Falta apoio da prefeitura, ninguém aparece para apoiar. E se não correr atrás de pequenas empresas e de pessoas que estão dispostas a ajudar, não chega nada. Na prefeitura mesmo é totalmente zero.”
– Você acha que a música Rap tem o devido reconhecimento na cidade? Ou ainda enfrenta muitos preconceitos?
“A cultura do rap ainda não tem o devido reconhecimento, ainda existem muitas barreiras para serem quebradas, mas aos poucos vão se quebrando com as bancas e grupos que estão se formando. Mas ainda não tem o devido conhecimento e está longe do ideal.”
– Você acha que o Rap poderia ter mais poder educacional e cultural na cidade?
“Acredito sim. Teve um ano, por volta de 2018, eu, o mano RT e outros MC’s, nos reunimos para levarmos rap para escolas. Levamos para o Benigno, EREMAG, Major Gadelha, IV Centenário e outros. Foi um ano bom pra nós. Mas depois desse ano não fomos mais convidados.
E como a cultura do hip hop envolve vários elementos, como música, dança, grafite, DJ, então tudo isso é uma forma educacional, é arte né. Poderia sim ser implementado de uma forma educacional. Tirar as crianças e adolescentes desocupados para aprender algo novo.”
– Você acha que a comunidade do Rap em Goiana é bem unida ou existem algumas desavenças?
“Mano, isso é complicado. Desavenças todo canto tem. Sempre tem um que tem um probleminha com outro ali e tals, mas isso aí é em todo canto. Porém, acho que a galera poderia ser sim mais unida, pois sempre tem aquele pessoal que tem o seu grupinho.
Grupo A aqui, grupo B ali, cada um faz o seu e já era. Mas acredito que se todo mundo se reunisse de verdade, a cultura do rap em Goiana com certeza estaria mais evoluída.”
SIGA NAS REDES SOCIAIS :
POSEIDON MC
https://www.instagram.com/poseidon_emici/
ELEMENTOS
https://www.instagram.com/3l3m3nt0s_/
Nenhum comentário