A juventude da cidade representando o tema do evento “Memória e Identidade Cultural de Goiana”
Por Guilherme Souza
Após um tempo inativo devido a pandemia do Coronavírus, a Jornada Resistência volta as atividades no Sesc Goiana. Formada por jovens ligados ao movimento Hip-Hop de Goiana (Rima na 13, Batalha do Wi-Fi, Batalha da Duque e outros), o grupo visa fomentar a cultura alternativa dos artistas da cena, que muitas vezes é ignorada pela gestão do próprio município, além de sofrer um preconceito histórico e enraizado por grande parte da sociedade.
Através da poesia marginal (ficando a margem de um sistema tradicional que subverte o elitismo da literatura e representa a voz das minorias), os poemas declamados apontam as mazelas da Goiana e da sociedade em geral por meio de versos críticos, de linguagem urbana, sem enfeites, e contam sobre a vivência das minorias marginalizadas em todo o país: a população negra, periférica, mulheres e a comunidade LGBTQ+.
Porém, não é só pela crítica justificável aos problemas da cidade que tomam conta do palco. É perceptível também o sentimento de pertencimento ao local onde se mora, sobre reconhecer as suas raízes, como nesse poema do RT MC, onde ele exalta personalidades goianenses:
Goyanna
“Zona da Mata pro mundo trilhando meu caminho
Já virei 7 Flexas, Nelson do Caboclinho
Um salve pro mestre Rosildo e nosso eterno Jor Santana
No presente e no passado, somos parte de Goiana
Aqui não andamos pra trás, mas temos algo em comum
Sou do Buraco da Gia, seu Luiz do Guaiamum
E fazendo parte por parte e seguimos sempre calmo
Faço parte da construção pois me inspiro em Zé do Carmo
Somos jogador caro e honramos o recinto
Eu cresci na Municipal graças ao eterno Zé do Pinto
A gente existe, resiste e anota na folhinha
Eu tenho sangue negro e do congo igual as pretinhas
Resistência feminina, um salve pra Dona Carminha.”
O palco também serve para as apresentações musicais autorais, as batalhas de rima e para qualquer pessoa que queira se expressar, seja de maneira artística ou através de um pensamento. Um dos pontos mais interessantes da Jornada Resistencia é justamente servir como um espaço para diálogos que visam o incentivo do trabalho, da arte das amizades e até mesmo desabafos de uma juventude marcada pela ansiedade, depressão e o ressentimento provocados pelo racismo estrutural, homofobia e preconceitos que sofrem diariamente por apenas serem quem são e quem querem ser.
Vivemos um momento histórico em que a cultura é encarada como se fosse algo de menor importância, enquanto existe um culto a ignorância. Contudo, enquanto o Brasil enfrenta uma conjuntura política que flerta abertamente com o fascismo, nossa Goiana nada contra a onda do conservadorismo hipócrita através da resistência cultural com artistas – guerreiros e guerreiras cada vez mais talentosos – engajados e politicamente conscientes sobre a realidade que enfrentamos.
Quando vivemos sob um governo que não dá valor a sua cultura, as oportunidades precisam ser criadas pelo poder popular e os espaços ocupados com manifestações artísticas, para que a voz da resistência seja ouvida e faça eco nos corações e nas mentes que anseiam silenciosamente por uma revolução cultural que busca a igualdade, a equidade e o respeito pelas minorias. E, a despeito das problemáticas de divulgação dos eventos do Sesc Goiana, na noite da última terça-feira (25), o teatro do Sesc contou com mais qualidade, consciência política e solidariedade do que quantidade. No final, é o que importa: Jornada Resistência apesar dos pesares.
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Comentário por film modu em dezembro 10, 2020 as 4:35 pm